Vivemos num tempo desgastante, avassalador e extremamente exigente;
Um tempo em que a palavra perfeição parece andar de mãos dadas com metade do mundo, e a circular na boca da outra metade. Foi a pensar nisto que resolvi escrever este texto, uma espécie de manifesto em honra dos pais imperfeitos a quem só posso desejar longa e eterna vida.
Qual é a ideia? A ideia é muito simples: acabar com o mito dos pais perfeitos. Porquê? Então vejamos: em primeiro lugar quero deixar aqui uma declaração que pode levantar alguma celeuma mas que ainda assim tem de ser feita – esses seres humanos pura e simplesmente não existem! Ok? Em segundo lugar dizer que este tipo de pais NÃO EXISTEM EM PARTE ALGUMA DESTA VIDA!
Ficou mais claro assim? Espero que sim. =)
Embora os ideais de perfeição venham sendo perpetuados por muito boa gente, sobretudo desde que existe o Instagram (já que falamos nele podem aproveitar para nos seguir também por lá – aqui mesmo – que nós agradecemos e ficamos muito contentes), a vida não é estática nem cor de rosa às bolinhas e recheada de purpurinas como tanta gente parece apostada em defender.
Vivemos um tempo em que parece que há receitas infalíveis para tudo.
Pior do que isso, este é um tempo em que as críticas são disparadas a uma velocidade estonteante e com uma fúria que parece capaz de atingir todos e quaisquer uns de nós, sobretudo aqueles que tentam fazer o que melhor podem e sabem no exercício mais difícil das nossas vidas: educar os nossos filhos.
Contudo resolvi seguir o caminho oposto e enaltecer a perfeita imperfeição da grande maioria de nós que aqui andamos a lutar, diariamente, para fazer dos nossos filhos crianças + felizes; crianças + bem preparadas para a vida; crianças + sorridentes; crianças com uma característica imprescindível nos tempos que correm e que tanta falta faz a tanta gente: noção!
Por isso, para não me alongar muito, vou enumerar aqui algumas das coisas que fazem dos pais imperfeitos os pais + incríveis do planeta.

Árvore das Chuchas
Os pais que eu adoro são mais ou menos assim:
- esquecem-se de coisas em casa;
- ralham;
- exageram;
- são cocós;
- deixam acabar o leite, a fruta, a massa, o arroz…;
- adormecem;
- saem de casa sem os pentear ou por perfume;
- esquecem-se de pagar as contas a tempo;
- dizem (raramente, mas dizem) asneiras;
- fazem programas inesperados;
- levam-nos para conhecer o mundo;
- contornam imprevistos com sorrisos;
- chegam a casa felizes por ali chegar;
- amam os amigos, mas esquecem-se dos seus aniversários;
- almoçam e jantam fora quando conseguem e lhes apetece… sempre com os filhos atrás;
- não têm medo de dar colo sempre que os filhos pedem;
- não se deitam sem ir ver se eles estão a dormir direito;
- chateiam-se depois de 4 xixis no chão e 3 cocós no fato de banho;
- dão-lhes, ocasionalmente, coisas que “fazem mal”, meaning: batatas fritas, sumos, gelados, bolos… vocês sabem;
- rebolam com eles pelo chão;
- Deixam-nos acreditar que são eles que mandam lá em casa, nem que seja só por um bocadinho;
- cantam com eles na rua, no carro, na praia, no supermercado, em todo o lado;
- deixam acabar a papa e só se dão conta disso no momento em que eles a pedem, de preferência mesmo antes de tomar o pequeno-almoço (mas rapidamente dão a volta e trocam a ementa);
- aceitam contar a mesma história todas as noites, porque eles querem, e porque acreditam que lhes faz bem;
- dão abraços e beijinhos a qualquer hora do dia;
- os deixam ficar com os avós para poderem ir às compras;
- os levam às compras;
- os deixam sair do carrinho e ir para o colo ou andar a pé, mesmo quando isso significa que vão demorar o dobro do tempo a chegar onde queriam ir;
- pedem ajuda aos amigos, aos avós, ou aos bloggers que seguem quando não estão a conseguir lidar com alguma fase mais difícil.
Podia continuar a enumerar pontos e pontinhos, mas tenho a certeza que já perceberam onde é que quero chegar.
Se também vocês se revêm neste texto e se enquadram neste tipo de parentalidade imperfeita, deixem-nos os vossos testemunhos que atestam que este é o melhor tipo de pais que existe no planeta!
Os pais imperfeitos são tudo isto e muito mais, mas são espectaculares, não são?
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